A criatividade é peça fundamental no processo da inovação corporativa? Para Jean Sigel, da Escola de Criatividade, com sede no Paraná, é sim, e a capacidade está totalmente voltada para pessoas, muito mais do que para metodologias. Ele conduziu a segunda masterclass de inovação realizada pelo Living Lab, do Sebrae MS, no mês de junho.
Inquieto e curioso, assim se intitula o especialista, que viajou 42 mil quilômetros em um Peugeot 106 acampando pelo caminho durante seis meses pela Europa. “Esse foi meu MBA de vida e experimentação logo após a faculdade. Aprendi muito sobre pessoas, culturas e linguagens”, diz.
Foto: Arquivo Pessoal. Reprodução.
Para ele, a chave da criatividade é as pessoas usarem seus talentos, os elementos que as fazem únicas. “É preciso refletir: quem eu sou? Como as pessoas me veem? O que me faz único?”, ressalta.
A criatividade é o ponto fundamental para que a inovação aconteça, conforme destaca Sigel. Para ele, as pessoas têm receio de dizer que são criativas por causa de três influências: “a família, os pais direcionam ou podam a criatividade, quando, por exemplo, o filho desenha um carneiro voador, e dizem que carneiro não pode voar; a escola, com toda a estrutura de disciplina, grade, cria pessoas para um processo linear e as empresas quando não permitem que as pessoas errem”, frisa.
Jean Sigel afirma que há muito discurso sobre inovar e pouca prática. Ele propõe desmistificar a inovação. “Ainda se relaciona muito a inovação ao mundo tecnológico e por isso muito do que é inovação fica de fora desse padrão”, diz. “Inovação é aceitação, aceitar mudanças, e a maioria das pessoas não está disposta a aceitar mudanças”, complementa.
A tecnologia exponencial cumpre o papel de permitir que o ser humano faça o que faz de melhor. “Somos libertados para sermos o que somos melhores: criativos, intuitivos, geradores de ideias, relacionais. A alta tecnologia vem para nos ajudar a fazer a empregarmos nossas capacidades humanas. Inovação depende das pessoas e não da tecnologia. O processo repetidor a tecnologia vai fazer”, diz.
De acordo com pesquisa da IBM aplicada com 1.500 CEOs de 60 países, e companhias de 33 setores diferentes, a criatividade é a principal competência buscada nos profissionais pelas organizações. Ele elenca 15 habilidades para 2025:
1. Pensamento analítico e inovação
2. Aprendizagem ativa e estratégias de aprendizagem
3. Resolução de problemas complexos
4. Pensamento crítico e análise
5. Criatividade, originalidade e iniciativa
6. Liderança e influência social
7. Uso, monitoramento e controle de tecnologia
8. Tecnologia de Design e programação
9. Resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade
10. Raciocínio, resolução de problemas e ideação
11. Inteligência emocional
12. Solução de problemas e experiência do usuário
13. Orientação para serviço
14. Análise e avaliação de sistemas
15. Persuasão e negociação
Quanto aos comportamentos importantes para gerar inovação nas empresas, ele elenca quatro hábitos criativos:
1. Imaginação. As crianças começam imaginando, depois juntam as imaginações e criam produtos. Imaginou, explorou, pegou coisas desconectadas e criou, depois elas apresentam para pessoas (pais, avós) e mostram o protótipo delas. Isso é design thinking, ou ‘kids thinking’, Explora (imagina), Constrói (cria), Representa (Inova). É preciso que as empresas permitam esse ambiente.
2. Pensar com a cabeça dos outros. Saber ouvir, aprender com o outro pode se tornar um hábito. “Conheci um vendedor de milho cozido, um senhor, ele percebeu que as pessoas ficavam desconfortáveis com o milho porque fica no dente. Então ele vende o milho e oferece um pedaço de fio dental”, conta.
3. Perguntação insistente. A pergunta é fundamental no processo criativo humano. O ser humano pergunta e as máquinas respondem. Usamos pouco esse recurso. Nós nos abraçamos na resposta pronta. A perguntação insistente serve para ir além do óbvio.
4. Comunicação verdadeira. Estabelecer relacionamento com as pessoas. Você tem ideia, você compartilha? Permitir que as pessoas se exponham, deem feedback. Quando não há comunicação, não há troca. Líderes precisam escutar e se comunicar mais. Não julgar na hora errada uma ideia, sem ponderar.
O vídeo na íntegra da masterclass de inovação: Criatividade para inovar nos negócios, com Jean Sigel, pode ser visto em: https://www.youtube.com/watch?v=oLe_qyzguUc
Comments