No Brasil, apenas 4% dos resíduos sólidos que poderiam ser reciclados são enviados para esse processo, índice muito abaixo de países de mesma faixa de renda e grau de desenvolvimento econômico, como Chile, Argentina, África do Sul e Turquia, que apresentam média de 16% de reciclagem, segundo dados da International Solid Waste Association (ISWA).
Dentre os problemas elencados que contribuem para esse baixo índice é a pouca conscientização do consumidor na separação e descarte seletivo, aliado a falta de infraestrutura dos municípios para acolher esse material de modo a permitir sua volta ao ciclo produtivo.
Uma boa notícia é que segundo pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), iniciativas de coleta seletiva foram registradas em mais de 74% dos municípios brasileiros, embora ainda de forma incipiente em muitos locais.
Seguindo essa boa pratica e pensando em resolver alguns problemas locais enfrentados pelas famílias carentes, o empreendedor social Glauber Miranda desenvolveu um negócio de impacto Socioambiental, a PET MANIA. Em 2014 havia grande proliferação da Dengue no período chuvoso, onde os mosquitos transmissores mais rapidamente se espalhavam devido ao acúmulo de água em recipientes descartados de maneira errada, fazendo assim um local propício de reprodução do mosquito. Na região onde a ONG (institutoide.org.br) dirigida pelo empreendedor está situada (bairro Caiobá em Campo Grande/MS), houve um grande surto da doença afetando muitas famílias e crianças que participavam dos projetos sociais. Com esse desafio à frente, surgiu a ideia de criar um grande mutirão na comunidade, principalmente entre as crianças, para juntar materiais jogados pelos quintais e ruas do bairro. Houve então a preocupação para que as crianças não se machucassem com os materiais coletados, pois há de tudo nos quintais, como garrafas de vidro e latinhas, que poderiam ferir os pequeninos, conta Glauber. Por isso optou-se por coletar garrafas plásticas.
Após a coleta, as crianças e adultos levavam o material coletado até a sede da instituição, onde seria pesado, separado e vendido para uma empresa recicladora. Agora o grande diferencial dessa iniciativa, foi a criação de uma moeda social, o IDEAL. Com a venda do material para a recicladora, o valor arrecadado em reais (R$) era revertido para custear as despesas da ONG e o restante era transformado em IDEAL e usado para recompensar as crianças e famílias coletoras. Com os IDEAIS em mãos, as famílias podiam trocar por mercadorias no comércio local onde a ONG havia firmado parcerias. Assim fechava o ciclo virtuoso e produtivo.
Os resultados foram logo percebidos pela comunidade. Os índices de Dengue despencaram, e as famílias estavam conseguindo através dessa ideia aumentar a renda para comprar mais alimentos e remédios, por exemplo. O comércio também foi impactado com o aumento das vendas. Houve um aquecimento da economia local e melhora da saúde pública. Fatos muito relevantes e o mais interessante é que aconteceu através de um negócio, onde todos os agentes envolvidos saíram ganhando. Por isso o fomento de novos negócios de impacto socioambiental é tão importante para o nosso futuro, pensando nisso o LivingLAb tem desenvolvido projetos de acompanhamento e aceleração dessa modalidade de empreendimento.
Fonte: https://exame.com/brasil/brasil-recicla-apenas-4-dos-residuos-solidos-que-poderiam-ter-esse-fim-aponta-estudo/
Glauber De Miranda e Neire Colman
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