Você já se questionou como são feitos os produtos manufaturados hoje no mercado?
Ou já se viu desmontando produtos eletrônicos, mecânicos ou peças para entender o
funcionamento ou até possibilitar o reparo deles? E deste conhecimento adquirido
surgiram novas ideias de melhorar um produto ou criar algo novo?
Imagino que nesta caminhada foi necessário a aquisição de diversas ferramentas para
te possibilitar a realização destas atividades, o que pode ter sido bastante custoso, e
por muitas vezes a falta de instrumentos dificultou a concretização de projetos. Esta é
a realidade de muitos inventores, porém hoje para dar maior acesso tanto a
ferramentas quanto a informações a este público existem os Fab Labs (fabrication
laboratory).
O conceito de Fab Lab foi iniciado pelo professor Neil Gershenfeld, diretor do CBA
(Center for Bits and Atoms) do MIT (Massachusetts Institute of Technology). Sua
criação está associada ao sucesso obtido em um curso promovido por ele e nomeado
como “Como Fazer (Quase) Qualquer Coisa”, em que o autor discorre sobre conceitos
de fabricação digital. A princípio com fins acadêmicos, os laboratórios rapidamente
expandiram em todo mundo e devido aos seus conceitos, padrões e possibilidades
foram amplamente utilizados também para o empreendedorismo.
Mas o que de fato é um Fab Lab, o que compõe e o que possibilita este tipo de
laboratório?
Os Fab Lab são laboratórios que possibilitam a prototipagem técnica para inovação e
invenção, nele são produzidos de forma personalizada e em baixa escala todo tipo de
objeto, proporcionando um estímulo tanto de aprendizado quanto de
empreendedorismo, pois é possível criar, discutir, aprender fazendo, compartilhar
informações sobre todo processo que envolve a criação de um protótipo e a parte
técnica das ferramentas e proporciona o acesso aos meios para criação dessas
invenções que podem transbordar em negócios. É um ambiente democrático que
permite que qualquer pessoa com ou sem formação técnica, aprenda e tenha espaço
para experimentar e, sempre que possível, faça com que sua imaginação seja tangível.
Os Fab Labs contam com algumas características peculiares dentre os laboratórios
comuns, pois eles fazem parte de uma grande rede mundial que os une, dentro de
uma filosofia de compartilhamento de conhecimento, no qual cada laboratório
compartilha seus projetos com os demais e tudo fica disponível a todos. O participante
pode deter os direitos sobre a invenção, porém, como parte de uma construção
coletiva, ela alimenta a rede e proporciona a discussão acerca de melhorias,
modificações transbordamentos em outras áreas de utilização. Isso permite acima de
tudo uma evolução mais efetiva pautada no compartilhamento, na
multidisciplinaridade de equipes e tem resultado em iniciativas poderosas por todo
mundo.
Ele é composto fisicamente por um rol de máquinas e equipamentos, dentre eles
máquinas de controle CNC (controle numérico computadorizado), computadores com
software de modelagem 3D, ferramentas elétricas, insumos eletrônicos e ferramentas
manuais. Esta gama de Instrumentos possibilita inúmeras aplicações que vão desde a
concepção do objeto digital em 3D até a produção física nas máquinas. Elas permitem
a criação desde peças lúdicas, como a reprodução de personagens ou objetos em
geral, quanto peças funcionais, que vão desde o protótipo, ou partes que o compõe,
até peças de reposição para outras máquinas.
Atualmente o principal exemplo prático de produto que tem sido amplamente
difundido na maioria dos Fab Labs são as Face Shields. Aquelas máscaras que os
profissionais de saúde e aqueles que lidam diretamente com o público se utilizam
como forma de proteção contra o contágio do novo coronavírus.
Figura 1 - Face Shield
Devido à falta de equipamentos de proteção individual na área de saúde, houve a necessidade do desenvolvimento dessa máscara, que nada mais é do que um conjunto de uma tiara de material plástico e uma viseira de folha de acetato ou PETG. A concepção deste projeto inicia com o desenvolvimento do modelo da tiara em software de modelagem 3D para posterior execução em impressoras 3D e a partir disso pode tomar alguns caminhos como a produção via injeção de plástico, o que aumenta escala e velocidade de produção ou até a utilização da própria impressora 3D como “Fabrica” deste produto. Em qualquer um dos casos, o importante é que só foi possível a escalabilidade destes projetos em todo mundo graças a possibilidade do compartilhamento de informações, proporcionando a criação de máscaras mais eficientes e com mais conforto a quem a utiliza.
Outro exemplo de protótipo é o um drone que serve como semeador em plantios de arvores, que antes do plantio realiza analise do terreno através de inteligência artificial para otimização da plantação. Todo projeto dele foi concebido em softwares de modelagem 3D, sua estrutura foi construída através de uma máquina de corte a laser, as pás, engrenagens e peças de suporte foram confeccionadas em impressora 3D e toda parte de configuração foi desenvolvida em bancada de eletrônica. Ou seja, foi um projeto que envolveu uma diversidade de maquinários e de conhecimentos para sua execução, ferramentas que o Fab Lab proporciona de forma mais acessível ao público.
Figura 2 - Drone Semeador
Como estes muitos outros projetos são possíveis dentro de um Fab Lab. Então se você tem novas ideias e necessita de um ambiente que proporciona inovação, este é o lugar certo. O Living Lab entende que este é um importante passo para o desenvolvimento do nosso ecossistema de inovação e da comunidade em geral do MS, e para isso está trabalhando para trazer este conceito dentro da estratégia de ampliação de atendimento ao público.
Fique atento a nossas redes, que vem novidade por ai, até logo!
Texto escrito por Alexandre Nicoletti
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